O Tempo Cura Tudo. Mas Ainda Há Tempo Suficiente?

Coleção: Dias De Mistério

Janice sentou-se pendurada na borda da janela de seu apartamento. Quando era criança assustava sua mãe. Dessa vez assustava o bairro inteiro. Um detalhe muito simples muda tudo: Sentou-se com as pernas viradas para o lado da rua. Sua mãe estava muito longe dali e o último encontro entre as duas foi muito breve e há muito tempo. Na vida, Janice teve tempo para culpar sua mãe pelos traumas, mas foi só isso. O destino de Janice é o chão do asfalto, mas ela ainda não sabe disso.

O monstro saiu de dentro do orquidário. Os olhos vermelhos por baixo da verde couraça espessa. Raizes corriam seu corpo em forma de veias, bifurcações fractais. Janice virou-se com um susto, como se a presença dele fosse inevitável. Ao fita-lo, o coração pulou para a boca. Gritou e foi mais baixo do que esperava, a voz sumia. – O novo é sempre assustador. – a voz improvável Mais um grito. Não havia tempo a perder. Para Janice era assustador e novo. Diante do terror, não imaginaria que do outro lado era o contrário. Era antigo e o mundo lhe era muito familiar. Era muito antigo. – Durma.

Os transeuntes notaram uma mulher dormindo de dia na beira do asfalto.

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